Como historiador, alguns amigos vão dizer que eu viajei no tempo, porém como analista do mercado de automóveis tenho obrigação de pensar o amanhã da venda do automóvel no mundo. Não é novidade o mundo passa por, todos sabemos não tão surpreendente, grande transformação, talvez a sua maior desde a segunda revolução industrial quando da fabricação do automóvel a combustão Interna, tendo a gasolina como combustível principal. É verdade, no final do século VXII, surgiu a máquina a vapor, e no final do século XVIII, a eletricidade, o telefone, o cinema e o automóvel como conhecemos nos dias de hoje.
Também já se pode identificar, nos dias de hoje, que haverá uma grande mudança quando se trata de tecnologias. Estamos assistindo surgir todos os tipos de robôs integrados em sistemas ciber-físicos, que nos trarão uma nova realidade social e uma transformação radical no nosso modo de viver e conviver.
Esse processo é chamado de quarta revolução industrial, modelo no qual haverá a convergência de técnicas digitais, físicas e biológicas. A mudança é muito maior do que somente transformação tecnológica. Pois, já vimos, quando se muda a tecnologia, muda-se a forma de viver. Todo esse movimento é muito veloz e exponencial. Aqueles que vivem neste presente, nem sempre observam a transformação e quando abrem a porta de casa e saem, encontram um mundo desconhecido.
O mercado de carros também será afetado, as palavras“se adaptar” e “reaprender” estarão cada vez mais presentes no cotidiano de quem vive em função do automóvel. Tudo vai mudar, o produto, a mobilidade urbana, os objetivos comerciais das industrias automobilísticas, a forma de comprar e vender carros. Estamos olhando o tsunami vindo em nossa direção e, às vezes, insistimos em não ver a realidade. A Sony, que vendia consoles de vídeo games está lançando o Vision-S, um automóvel sedan com uma proposta super inovadora, 100% elétrico.
O serviço, deve superar o comércio e a indústria, todos automatizados e mecanizados, e assim um novo modelo de vendas deverá surgir. Já não é novidade, o comercio está migrando para a “rede”. Começamos pelo varejo de pequenos objetos e hoje quase tudo se vende pela Internet. As maiores faculdades privadas brasileiras estão investindo nos cursos EAD. As Lojas Americanas, apostaram nesse modelo e deu muito certo. O grande lance do mundo digital é a união das operações online e offline, tudo para impulsionar mais a vendas. O sucesso está, pasmem, em deixar de vender nas lojas físicas para levar os consumidores apenas retirar seus produtos nas suas 1.300 Lojas Americanas pelo Brasil.
E o mercado do carro, vai chegar um dia nessa condição? A resposta é sim, sem dúvida que sim, aliás, já é uma realidade. As montadoras já estão vendendo seus carros zero km via rede e entregando nas revendas autorizadas, algumas já disponibilizam o serviço de click and collect, ou retirada em loja, exatamente compras feitas pela Internet.
E o carro usado? Vai entrar nessa? Sim, é o próximo a ter de adaptar às novas condições de mercado, que é dirigida pelas necessidades e desejos do consumidor, os comerciantes não ditam mais as regras de marketing.
Com o advento da horizontalização da conectividade, ocorrerá uma integração tanto econômica como cultural, será uma nova forma de se observar como o processo de globalização vai se adaptando às tecnologias, desta vez, muito mais democrática, dirigida por tecnologias voltadas para as redes de comunicação.
No século XIV, Marco Polo, saiu andando pelo mundo e chegou a China, inaugurando o processo de globalização. Mais tarde no século XVI, os navegadores italianos, portugueses e espanhóis, entre outros, renovaram a forma de globalizar. E agora, Muito mais velozes e eficientes os celulares e a rede vão atropelar o presente. Fugir desta realidade é se entregar ao fracasso.
Não é que o nosso negócio de vender carros está ficando ruim, ele só está mudando. Cabe a nós acreditarmos, primeiro, em rever nosso negócio, entender que é preciso mudar, e depois investir seriamente na mudança. Assim como as Lojas Americanas, devemos nos reinventar e criar mecanismos que nos levem na direção do consumidor, das suas escolhas.
Não vai demorar muito, todos poderão comprar seus carros pela rede, sem mesmo vê-lo fisicamente, seja usado ou novo, não duvide. Para enxergar esse cenário, precisamos apagar nosso modelo atual. É uma questão “disruptiva”. Seja o carro novo ou o usado, estão entrando na nova era da conexão. Surgirão novas tecnologias e novas maneiras de se adquirir um carro. A gente só tem de ficar antenado e desarmado para as coisas que não queremos acreditar.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo J. J. Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.